sexta-feira, 11 de março de 2016

Existe talento. Mas não quer dizer que perseverança é inútil.

Como alguns sabem, eu acompanho o eSports, principalmente games de luta, e nesse tipo de cenário competitivo, seja na vida profissional, no esporte ou no eSports, muita gente fala sobre talentos. E vejo que alguns acreditam que existem pessoas talentosas em determinadas áreas e foi o talento delas que fizeram essas pessoas chegarem onde estão e outras simplesmente acham que isso não existe, que qualquer pessoa consegue fazer e alcançar as coisas com sucesso. Bem, acompanhando esse cenário competitivo há algum tempo eu acredito que haja talento, mas acho que a perseverança pesa bastante também no meio de tudo isso. Pra mim, ignorar talento é fechar os olhos para o mudo real, mas achar que só talentosos conseguem chegar em altos patamares é desprezível.


O talento é uma habilitade natural, uma aptidão em determinada coisa. Em jogos de luta, por exemplo, você vê muitos jogadores que em pouco tempo estão jogando no nível mais alto com determinado personagem, conseguindo lidar até com seus matchups mais difíceis e com execução afiada. Na área de informática, você vê alunos aprendendo programação e fazendo coisas que parece que ele já sabia e fazia isso há tempos. Claro que, em qualquer coisa, o talento não basta para você ser excelente no que faz. A prática, o treino, o estudo a dedicação são extremamente importante para alcançar seus objetivos e quando se há talento, não há nada que possa te impedir em ser o melhor no que faz, independente do que seja.


Mas isso não quer dizer que pessoas que aparentemente não tem talento em determinada coisa nunca vai conseguir aprender o que ele quer. Nesse caso a adaptação, perseverança e o aprendizado certo será o que fará a diferença aqui. Em jogos de luta, você vê aquele cara que treinando algumas vezes e consegue fazer aqueles combo com links difíceis que exigem double tap em determinados links e o cara que tem que treinar a movimentação básica todo dia em The King of Fighters. Mas isso quer dizer que o que tem que treinar todo dia coisa básica pra não errar a execução em coisas bobas nunca alcançará o que consegue aprender o game com menos dificuldade? CLARO QUE NÃO. Do mesmo jeito que o jogador que aparente talento deve treinar para se manter afiado, o outro também deve, o que muda é a intensidade. A perseverança dele vai contar de forma extremamente importante. Todo jogador, programador, atleta de alto nível, designer ou seja lá quem for chegou onde chegou com muito treino e experiência e posso garantir que nem todos tinham talento no que faziam. Todos sabem sobre Michael Jordan, não sabem?


Mas ai vem uma coisa pra se pensar. Se, enquanto você está aprendendo uma arte marcial, você aprende os fundamentos de forma errada e acaba aplicando esses ensinamentos errados como certos durante anos? Será difícil colocar na cabeça de verdade que algo que você achava que sabia estava errado e que você deve reaprender isso para aplicar de forma certa. É quase incômodo ter que fazer isso, mas se force nessas situações para evitar mais frustrações. E o fato de você saber que não está dando 100% de si apenas por estar aplicando algo errado sempre pertubará seu pensamento na hora de fazer essa determinada coisa, sabendo que tem uma opção melhor, mesmo que inconscientemente. E isso leva a desistência. Tente aprender todos os lados de algo para usar as melhores opções de chegar a esse resultado da melhor forma em determinada situação.


Ou seja, o que mais conta no final é a vontade de fazer algo e a dedicação que determinada pessoa colocou naquilo. Não existe resultado se não houve tentativa real de fazer dar certo. O talento é basicamente a vantagem de ser o mais alto no seu time de basquete. Isso não significa que os que são menores que você não possam ser tão talentosos ou mais talentosos do que você. Se tem uma coisa que posso garantir é que eles podem.

terça-feira, 3 de março de 2015

O mundo não deve nada pra ninguém.

(Isso foi escrito em um ambiente universitário)
–Vou lhes contar uma coisa que vocês, no fundo, já sabem. O mundo não deve nada pra você. Não é só por que você é um cara legal, cavalheiro, fiel às pessoas que mantém em seu círculo de amizade que significa que você tem que ter uma namorada porque você merece. Não é só por que aquele coitadinho do Zé Bule trabalhou durante décadas que ele deveria estar bem afortunado o resto da vida de idoso. Não é por que vocês estão aqui que quer dizer que todos vocês serão presidentes de empresas nacionais ou multinacionais. O rapaz cavalheiro pode ser um solteiro virgem para o resto da vida, e todas as garotas que ele já gostou ficaram com os bonitões. O Zé Bule pode morrer com o nome vermelho. Você pode ser apenas mais um funcionário formiga de uma empresa qualquer que trabalha 44 horas semanais em um cubículo miserável com superiores que nem se importam se você existe e muito menos se você gosta do que faz o que é óbvio que não. Então, qual é o objetivo de trabalhar, estudar e conseguir vir aqui de segunda á sexta durante quatro anos ou mais?
Todos ficaram quietos, esperando a resposta do professor. Nem mexeram as cabeças.

–Diminuir a chance de essas coisas acontecerem. Ou melhor, aumentar as chances de essas coisas não acontecerem. As chances de uma pessoa graduada conseguir se promover em uma grande empresa é maior do que quem não está graduado. Um homem geneticamente atraente e que anda bem vestido irá atrair muito mais damas, e até alguns cavalheiros né? – Os alunos deram risadas baixas. – E esses homens bonitos e bem arrumados, com certeza, tem bem mais chance de atrair a dama que ele quer, ou as damas que ele quer, do que um rapaz feio, independente de suas qualidades. Mas algumas pessoas dirão “Mas as mulheres preferem o caráter a aparência”, mas ninguém se apaixona por um mendigo maltrapilho que escreve poesias á primeira vista.

Evolução constante

(O ambiente é uma palestra)
-Eu não jogo muito vídeo game hoje em dia. Meu filho faz isso por mim e pra ele, de tanto que ele joga. – Houve risadas no público. – mas ele me explica as coisas dos jogos que ele joga e eu entendo. Eu parei de fazer isso desde a minha graduação, mas eu admiro profundamente o competitivo de jogos de luta e acompanho desde seus primórdios, principalmente os americanos e japoneses. Em ambos os países, a comunidade de excelentes jogadores, sendo profissionais ou não, é muito alta, fazendo com que, muito dos que querem melhorar tenha que se empenhar e focar em seu treino, para poder acompanhar os outros, cada vez mais. E todos os indivíduos seguindo essa linha de pensamento faz com que toda a comunidade daquele país cresça talentosa, se destacando entre todas do mundo. Nos Estados Unidos é assim, e no Japão também é. Mas, ao contrário do esporte, esse crescimento é mais mental do que físico e isso nunca irá se desgastar com o tempo, como seu corpo. Isso faz com que não só os jogadores tenham que acompanhar o game durante seu tempo de vida, como manter o que sabe sempre afiado na cabeça, treinando destreza e aprendendo, ou criando, truques novos, o que é chamado de mix up ou setup. Cada um tem uma diferença, mas não vou entrar em detalhes sobre isso. Se os profissionais não fizerem esse exercício constante do jogo, eles ficarão para trás em relação aos profissionais que fazem isso e nunca conseguirão ficar em primeiro. Quando uma atualização nova do game é lançada, com mudanças significantes, o jogador profissional tem que adaptar todas as mudanças de seu personagem ao seu gameplay, e isso exige trabalho e treinamento. Mas os jogadores profissionais também sabem que você tem que descansar de vez em quando para não desgastar a mente, o que é extremamente importante, então eles tiram umas férias, geralmente no início do ano seguinte, indo viajar. E no ambiente de trabalho também é assim. Se você só estudar até certo ponto ou trabalhar apenas para determinado objetivo, muitos irão passar na sua frente e tomarão seus lugares. A sua vida profissional é uma evolução constante. Para que você s mantenha apenas subindo seu status profissional.
Uma pessoa levantou a mão no público. Era um jovem de cabelo castanho, com óculos redondos e tinha um rosto magro, olhos castanhos escuro, com nariz, lábios e queixo finos com uma barba discreta. Ele usava uma camiseta branca lisa, uma calça jeans e não dava pra ver o que calçava.
–Eu sou da área de informática, e eu percebo que muitos dos meus colegas eles não gostam de ensinar o eu sabem para seus colegas, por medo de serem ultrapassados. Isso entra na lógica que você está dizendo?

–Quase. – Disse o professor animado com a pergunta. – Isso entra em outro ponto interessante, que envolve muitas áreas, mas principalmente a área de TI. Mas é engraçado que isso não acontece entre os japoneses, por exemplo. Como eu disse anteriormente, a sua vida profissional deve ser uma constante evolução, como a vida, por exemplo. As pessoas que acham que não devem ensinar o que sabe para outra pessoa têm medo de serem ultrapassadas profissionalmente pela pessoa que ensinaram determinada coisa, mas se você vive em constante evolução na sua vida profissional e confia no seu próprio trabalho, porque você tem medo disso? Esse medo não deveria existir, pois a cada dia você está sempre um passo à frente do que você estava ontem e se você cedeu essa informação à outra pessoa, não só você ajudou essa pessoa a evoluir, como você sabe que já está na frende dessa pessoa, pelo menos nesse quesito. Eu sou professor de universidade, eu faço isso todo dia, exceto domingos, é claro. – Houve curtas risadas. – Uma pessoa que esconde informação pra si mesmo é extremamente egoísta, e temos sorte de que essas pessoas são a minoria, senão ainda estaríamos iluminando nossas casas com velas, andando á cavalo, defecando em baldes, senão extintos. Cedo ou tarde seremos extintos, mas esse dia não é hoje! – Disse o palestrante, fazendo uma voz grave, tentando imitar o Aragorn.